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27 de jun. de 2011

Apesar do que muitos dizem, a pobreza existe no Japão

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Após anos de estagnação econômica e crescentes disparidades de renda, o Japão, que já teve orgulho de ser igualitário, está tardiamente acordando para o fato de que possui um grande e crescente número de pessoas pobres.

A revelação, em outubro de 2010, por parte do Ministério do Trabalho, de que quase um em cada seis japoneses, ou 20 milhões de pessoas, vivia em pobreza em 2007 surpreendeu o país e deflagrou um debate sobre possíveis soluções. Também surpreendente foi o reconhecimento por parte do governo de que ele mantinha estatísticas secretas sobre a pobreza desde 1998, enquanto negava o problema, apesar de evidências ocasionais afirmando o contrário.

Isso acabou quando um governo de inclinação esquerdista, liderado pelo primeiro-ministro Yukio Hatoyama, substituiu o Partido Liberal-Democrata, há muito no poder, com a promessa de obrigar os burocratas japoneses, lendariamente cheios de segredos, a serem mais abertos, especialmente em relação a problemas sociais, de acordo com autoridades do governo e especialistas em pobreza.

Seguindo uma fórmula internacionalmente reconhecida, o ministério estabeleceu a linha de pobreza em US$ 22 mil por ano para uma família de quatro pessoas, metade da renda familiar média do Japão.

Pesquisadores estimam que o índice de pobreza do país tenha dobrado desde o colapso do mercado imobiliário e de ações, no começo da década de 1990, abrindo margem para duas décadas de estagnação na renda e até declínio.

Especialistas e assistentes sociais dizem que os pobres do país podem ser difíceis de se detectar, pois eles se esforçam muito para manter a aparência do conforto de classe média. Segundo eles, mais de 80% dos que vivem na pobreza no Japão fazem parte dos chamados trabalhadores pobres, que ganham salários baixos, obtêm empregos temporários sem segurança e poucos benefícios. Eles geralmente têm dinheiro suficiente para comer, mas não para participar de atividades normais, como sair para jantar com amigos ou ver um filme.


"A pobreza, numa sociedade próspera, geralmente não significa morar em barracas de chão sujo, usar trapos", afirmou Masami Iwata, professor de assistência social da Japan Women's University, em Tóquio. "São pessoas com celulares e carros, mas alienadas do resto da sociedade".

Anos de desregulamentação no mercado de trabalho e competitividade com a China, que oferece salários mais baixos, trouxeram uma proliferação de trabalhos mal-remunerados no Japão, afirmam economistas.

Além disso, esses trabalhos são amplamente descobertos por uma rede de segurança social ultrapassada, criada décadas atrás como último recurso, numa era em que a maioria dos homens contava com empregos pela vida inteira.

Isso abriu uma grande fenda, na qual caíram milhões de japoneses. Um deles foi Masami Yokoyama, 60 anos, que perdeu seu emprego da vida toda há uma década, enquanto lidava com uma depressão após um divórcio. Ele trabalhou em uma série de trabalhos mal-pagos até três anos atrás, quando acabou virando mendigo nas ruas de Tóquio. Mesmo assim, autoridades de assistência social da cidade rejeitaram sua solicitação três vezes, porque ele ainda era um homem fisicamente íntegro e capaz de trabalhar. "No Japão, quando você escorrega, não tem ninguém para segurá-lo", disse Yokoyama, que finalmente receber uma ajuda limitada do governo e encontrou trabalho em tempo parcial como zelador noturno.

Estatísticas mostrando que uma em cada sete crianças vive na pobreza estão chamando muita atenção aqui. Por isso, o governo desde de então, prometeu oferecer pagamentos mensais de US$ 270 por criança e reduzir o custo da educação do ensino médio. Ainda assim, assistentes sociais dizem temer que os pobres não possam pagar por escolas preparatórias e outras despesas para que seus filhos sejam capazes de competir no sistema educacional japonês, altamente acirrado - mantendo-os em um ciclo permanente de trabalho mal-remunerado.
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"Estamos em risco de criar uma classe baixa crônica", afirmou Toshihiko Kudo, membro da diretoria da Ashinaga, um grupo sem fins lucrativos baseado em Tóquio que ajuda crianças e órfãos pobres.
Fonte: periscopio

1 comentários:

To impressionado... Nunca achei q tivesse esse tipo de pobreza no organizado e disciplinado Japão

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