Catástrofe do terremoto seguido de tsunami fez ressurgir o sentimento patriótico do Japão, que havia desaparecido após a derrota na 2ª Guerra
Há uma coisa que podemos afirmar uma semana após o terremoto: o povo japonês começou a ver sua nação sob uma luz mais positiva do que estava acostumado há 20 anos. Os japoneses sempre se acharam desafortunados, pois raramente sentiu orgulho do seu país após a derrota na 2ª Guerra. Isto ficou claro durante a prolongada recessão depois do estouro da bolha econômica. Os premiês mudaram, a política sofreu sérios impasses e o ceticismo é enorme.
Após o tremor de Kobe, em 1995, o governo se mostrou ser muito incompetente que foi energicamente criticado. Desta vez, a situação é diferente. Claro, a mídia questiona o governo e as empresas de eletricidade pelo tratamento dado aos acidentes nucleares. Por outro lado, as vozes de apoio a essas empresas têm sido fortes. O secretário de gabinete, Yukio Edano, tornou-se um herói da internet e as operações de resgate das Forças de Autodefesa estão sendo elogiadas.
Até recentemente, o povo e o governo japonês eram considerados indecisos e egoístas, desnorteados entre tantas queixas e brigas. Agora, estão unidos na defesa da nação como se tivessem sofrido uma transformação. Curiosamente, os japoneses agora estão sentindo o orgulho de ser japoneses. Evidentemente, podemos argumentar que essa mudança, provavelmente, levará ao nacionalismo. Gostaria, porém, de ver alguma esperança nesse fenômeno.
Antes do sismo, o Japão era uma nação tímida, preocupada com seu declínio. As pessoas não esperavam nada e a ajuda mútua entre as gerações e a confiança nas comunidades locais começavam a se desfazer. Talvez o povo japonês possa usar a experiência da catástrofe para reconstruir uma sociedade ligada pela renovação da confiança.
Embora muitos devam voltar a se fechar em suas indecisões, a descoberta do nosso ser patriótico voltado para o bem público provavelmente não desaparecerá. Vi que a imprensa estrangeira noticiou com assombro a calma e o comportamento ético dos japoneses diante do desastre, mas, na realidade, essa foi uma surpresa para os próprios japoneses.
Até onde essa emoção pode se estender em termos temporais e sociais? Dessa pergunta dependerá o sucesso da recuperação, não apenas da calamidade, mas também da prolongada estagnação e do desespero das duas últimas décadas.
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